sábado, 8 de setembro de 2007

' A Preparação do Ator ', Constatin Stanislavski

Capitulo XVI, 'No limiar do subconsciente', pág. 364.

" O nosso tipo de criatividade é a concepção e o nascimento de um novo ser: a pessoa no papel. É um ato natural, semelhante ao nascimento de um ser humano. Se seguirem cada coisa que se passa na alma do ator durante o período em que ele se põe a viver seu papel, concordarão que minha analogia é justa. Cada imagem dramática e artística criada em cena é única e, exatamente como acontece na natureza, não pode ser repetida.
Como com os seres humanos, há uma fase embriônica, análoga. No processo criador há o pai, que é o autor da peça; a mãe, o ator, prenhe do papel, e a criança, o papel que vai nascer.
Há a fase inicial, quando o ator começa a conhecer seu papel. Depois ficamos mais íntimos, brigam, fazem as pazes, casam-se e concebem. Nisso tudo o diretor vai ajudando o processo, feito uma espécie de casamenteiro.
Os atores, nesta fase, são influenciados por seus papéis, que lhes afetam a vida cotidiana. A propósito, o período de gestação de um papel é pelo menos tão prolongado como o de um ser humano e, freqüentemente, muito mais demorado. Se analisarem esse processo, ficarão convencidos de que a natureza orgânica é regida por leis, quer esteja criando um novo fenômeno biologicamente, quer imaginativamente.
Vocês só poderão se extraviar se não compreenderem essa verdade; se não tiverem confiança na natureza; se tentarem inventar novos príncipios, novas bases, nova arte. As leis da natureza se impõem a todos. Ai de quem as infrigir!"

Sem comentários: